Organizado pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil, Congresso traz excelentes pontos de convergência para melhora dos negócios entre países
Mercado de extrema relevância para o Brasil, o Reino Unido é a 5ª maior economia do mundo, mas apenas o 20º maior parceiro comercial brasileiro, em relação a fluxo comercial. As relações entre o Brasil e países do Reino Unido tendem a crescer, mas conforme afirmou Alex Meger de Amorim, subsecretário adjunto de negociações internacionais da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, é preciso um acordo de livre comércio para destravar esse potencial. Segundo o especialista, existem grandes possibilidades a serem exploradas em ambas as partes e as discussões entre os governos nas agendas de cooperação apontam para a “pavimentação de um caminho para um acordo de livre comércio”.
A sugestão foi apresentada hoje, no primeiro dia do Congresso Britcham – Relações Bilaterais Brasil-Reino Unido, organizado pelo Comitê de Comércio e Investimentos Internacionais e Comitê Legal, Tributário e Regulatório da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil. O evento, que está disponível neste link, segue nesta quinta-feira (02/12) com novas discussões. Neste primeiro dia do evento, o tema principal foi “Facilitação do Comércio na Agenda Bilateral”, debatido por grandes nomes no cenário.
Durante o encontro, Fábio Dias, chefe da Divisão de Acesso a Mercados do Itamaraty, reforçou que, na ausência de um acordo de livre comércio, o principal marco legal do relacionamento comercial é o arcabouço de acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A entrada em vigor do Brexit em 1º de janeiro deste ano representou uma mudança fundamental na presença e na participação do Reino Unido na OMC, já que antes as negociações e discussões eram a partir da União Europeia”.
O subsecretário, por sua vez, salientou que as evoluções das negociações após a saída do Reino Unido da União Europeia foram rápidas e diversas discussões sobre temas tarifários e não tarifários têm acontecido constantemente. “Temos tido diversas reuniões acerca dos temas e os governos têm discutido como aprofundar mais essas negociações, especialmente em áreas chave para ambos os países”, pontuou Amorim.
Barreiras econômicas
Em 2020, os produtos agrícolas representaram metade da nossa pauta de exportação para o Reino Unido. Letícia Frazão Leme, chefe do Setor de Política Comercial e Agrícola da Embaixada do Brasil em Londres, explicou que apesar da enorme presença, o setor enfrenta elevadas tarifas e um número grande de barreiras. “Esses são pontos que a gente só vai resolver no âmbito de um acordo comercial”.
Segundo Leme, enquanto o acordo não chega, existem outros caminhos que podem ser seguidos para facilitar o comércio e reduzir barreiras. O Brasil já removeu, nos últimos dois anos, uma série de obstáculos para importação de produtos britânicos. Além disso, algumas barreiras para exportação também estão em discussão, como o fim do controle reforçado para exportação de carnes bovinas e de frango e a retomada do pre-listing de estabelecimentos exportadores. Isso tem a ver com os critérios para entrada de produtos, quando todos os carregamentos brasileiros são sujeitos a inspeção física e 20% deles são testados uma segunda vez. “Em outros países, isso é feito por amostragem, quando 1% a 2% dos carregamentos são testados ou inspecionados. Para os brasileiros, são 20%. Isso acaba impondo um custo grande para o exportador”, revelou a conselheira, mencionando, ainda, que um acordo de livre comércio poderia melhorar a relação entre os países e a imagem dos produtos brasileiros.
Também participaram do evento, Ana Paula Vitelli, presidente da Britcham Brasil; Martin Whalley, diretor executivo de Comércio e Investimento do Governo Britânico no Brasil; Carolina Ures, presidente da Britcham São Paulo; Renata Sucupira, presidente do Comitê de Comércio e Investimentos Internacionais da Câmara, e Georgina Ayre, conselheira de Economia da Embaixada Britânica no Brasil.
Fonte: Assessoria de Imprensa – Britcham