São Paulo, 25 de setembro – A transformação cultural está no centro das mudanças necessárias para impulsionar a inovação no ambiente corporativo brasileiro. Essa foi a principal mensagem do webinar realizado nesta quinta-feira (25) pelo Comitê de Tecnologia & Inovação da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham). O evento contou com a participação de Carla Janaina Gonçalves, Sr. Partner Solution Architect LATAM, e Isabela Ribeiro, Principal Consultant | Adoption and User Experience LATAM, ambas da Microsoft, com mediação de Luciano Moraes e Luiz Felipe Di Sessa, presidente e vice-presidente do Comitê, respectivamente. A abertura foi feita por Leonardo Trench, diretor regional da Britcham Paraná.
Durante o encontro, as representantes da Microsoft defenderam que inovação não depende apenas de investimentos em tecnologia, mas principalmente da criação de um ambiente organizacional que estimule a colaboração, a criatividade e a experimentação. Segundo Carla, empresas que investem ativamente em cultura corporativa alcançam resultados expressivos. “Organizações que trabalham continuamente para fortalecer sua cultura registraram crescimento de 516% no faturamento em 10 anos, aumento de 30% nos índices de inovação e 40% mais retenção de talentos. Esse cenário prova que a satisfação dos colaboradores impacta diretamente o desempenho e, consequentemente, a satisfação dos clientes”, destaca Carla.
Ela menciona, ainda, uma pesquisa feita pela Microsoft que reforça a importância da cultura nas decisões profissionais: 65% dos entrevistados aceitariam redução salarial para trabalhar em uma empresa com uma cultura organizacional sólida, e 70% não trabalhariam em locais com ambientes tóxicos. Para Carla, esse é um ponto crítico em um cenário em que a competição por talentos é cada vez mais acirrada. Empresas que negligenciam esse aspecto correm risco de perder conhecimento estratégico acumulado ao longo dos anos, além de enfrentarem altos custos com rotatividade.
A executiva ressalta que a Microsoft tem liderado processos de transformação digital por meio do Copilot, ferramenta de Inteligência Artificial integrada ao pacote Microsoft 365, que atua como assistente virtual inteligente para apoiar a rotina de trabalho. O Copilot utiliza IA generativa, tecnologia capaz de compreender comandos feitos por voz ou texto, sem necessidade de conhecimento técnico ou programação. Essa funcionalidade permite, por exemplo, que profissionais resumam reuniões realizadas no Microsoft Teams, criem relatórios complexos no Excel, elaborem documentos no Word ou até mesmo construam apresentações completas no PowerPoint. “O Copilot democratiza a tecnologia. Antes, apenas desenvolvedores conseguiam explorar o potencial da IA. Agora, qualquer profissional pode usar recursos avançados para otimizar processos, reduzir tempo e liberar espaço para tarefas mais estratégicas”, explica Carla.
Os dados apresentados por Isabela reforçam o alcance dessas soluções: 85% das empresas que compõem a Fortune 500 já utilizam ferramentas de IA da Microsoft, e 66% dos CEOs relatam benefícios mensuráveis dessas iniciativas. Ela destacou ainda que, até 2030, o impacto global da inteligência artificial pode chegar a US$2,3 trilhões, com um retorno de US$4,90 em benefícios para cada US$1 investido.
Ao compartilhar a experiência interna da Microsoft, Isabela revela que a empresa precisou passar por uma profunda mudança de mentalidade antes de alcançar a liderança atual no setor de inteligência artificial. Até 2014, a companhia era marcada por uma forte competição interna que limitava a colaboração e, consequentemente, a inovação. “Competição interna é inimiga da inovação. Na época, até mesmo a avaliação dos colaboradores era feita por uma ‘curva forçada’, que criava disputas entre equipes. Com a chegada de Satya Nadella à Presidência, adotamos a mentalidade de crescimento, um espaço seguro para errar e aprender. Essa virada foi essencial para que a empresa se tornasse líder em soluções de inteligência artificial”, afirma.
Um exemplo prático dessa transformação foi o Projeto Natick, que desenvolveu data centers subaquáticos movidos 100% por energia renovável. Essas unidades, semelhantes a contêineres, ficam submersas por até cinco anos sem necessidade de manutenção, utilizando tecnologia inspirada em submarinos. O modelo reduz custos operacionais e impactos ambientais, atendendo à crescente demanda por soluções tecnológicas sustentáveis.
Carla aponta que o ambiente empresarial se tornou ainda mais desafiador após a pandemia, que acelerou mudanças no comportamento do consumidor e no mercado de trabalho. “Antes, falávamos em um mundo volátil e complexo. Agora, enfrentamos um cenário ainda mais hostil e não linear, com novas gerações pressionando por soluções digitais e formas mais inteligentes de trabalhar. Se as pessoas não tiverem mentalidade aberta para aprender e se adaptar, nenhum investimento em tecnologia trará resultados”, alerta. Segundo ela, a transformação cultural precisa caminhar junto com a transformação digital, pois são as pessoas que determinam o sucesso ou fracasso de qualquer processo de inovação. Para ilustrar essa disrupção movida por necessidades humanas, ela citou exemplos como Netflix, Airbnb e Uber, que mudaram radicalmente a forma como consumimos conteúdos, viajamos e nos deslocamos nas cidades.
Isabela destaca que as empresas brasileiras têm uma oportunidade única de usar a IA para otimizar negócios e se aproximar de seus clientes. Segundo ela, os principais objetivos atualmente estão relacionados a enriquecer a experiência do usuário, reformular processos internos, reduzir o tempo de lançamento de produtos e aumentar a adoção de soluções junto aos consumidores. Ela reforçou que esses avanços só serão sustentáveis se as empresas considerarem os cinco pilares estratégicos para implementação da inteligência artificial: estratégia de negócios, tecnologia e gestão de dados, experiência do usuário, estrutura cultural organizacional e governança corporativa. “Sem cultura organizacional alinhada, a adoção de IA pode falhar. É preciso criar um ambiente em que colaboradores sintam segurança para inovar e onde a colaboração seja estimulada diariamente”, diz.
O evento, que integra o calendário oficial da Britcham, reforça a importância do diálogo entre empresas, tecnologia e inovação para impulsionar o desenvolvimento do país. Todas as atividades promovidas pela instituição estão disponíveis no site oficial da Britcham. “Este evento reforça a importância de unir diferentes setores para pensar soluções que transformem a realidade do mercado brasileiro”, conclui Luciano Moraes, presidente do Comitê de Tecnologia & Inovação.
Sobre a Britcham
Há mais de 100 anos no Brasil, a Britcham atua como principal promotora das relações econômicas e comerciais entre Brasil e Reino Unido, fomentando o diálogo bilateral por meio de iniciativas estratégicas. Presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, a instituição mantém conexões diretas com entidades governamentais e privadas, organizando missões comerciais nacionais e internacionais, rodadas de negócios e projetos especiais para integração econômica.
Com 13 comitês temáticos que abrangem os principais setores da economia, como comércio exterior, agronegócios, finanças, tecnologia e sustentabilidade, a Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil facilita discussões setoriais, advocacy e a troca de conhecimento entre associados, executivos e autoridades. Além disso, a Britcham oferece uma agenda diversificada de eventos exclusivos, desde oportunidades de networking até debates sobre tendências globais, fortalecendo conexões qualificadas entre os dois mercados. Destaque ainda para o Clube de Negócios Britânicos no Brasil (GBBC) e o Grupo de Suporte aos Negócios, plataformas essenciais para impulsionar parcerias e investimentos bilaterais. Com uma rede que inclui desde multinacionais até PMEs, a Britcham proporciona agregação de valor institucional e comercial por meio de grupos setoriais, posicionamentos técnicos e acesso a informações privilegiadas, consolidando-se como referência em cooperação empresarial e inovação entre Brasil e Reino Unido.