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Apenas 2% dos dados genéticos usados pela ciência mundial representam a América Latina, alerta pesquisador do Alan Turing Institute

out 7, 2025 | News

São Paulo, 07 de outubro – Apenas 2% dos dados genéticos utilizados em pesquisas médicas e em sistemas de inteligência artificial no mundo representam populações da América Latina. A constatação é do pesquisador Manuel Corpas, fellow do Alan Turing Institute, que participou nesta terça-feira (7) do webinar “Equidade de dados de saúde na América Latina na era da IA e da genômica”, promovido pelo Comitê de Tecnologia & Inovação da Britcham (Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil). A abertura do encontro foi realizada por Adam Patterson, diretor-adjunto da Britcham Paraná e cônsul britânico honorário no estado, e a moderação ficou a cargo de Luciano Moraes, presidente do comitê organizador.

Ao longo de sua apresentação, Manuel Corpas destacou que a medicina contemporânea está cada vez mais dependente da coleta e análise de dados genéticos. São estas informações que descrevem o DNA humano e têm papel fundamental para identificar predisposições a doenças, orientar diagnósticos e desenvolver tratamentos personalizados.

No entanto, de acordo com o especialista, a base de dados que sustenta os avanços científicos mais recentes não reflete a diversidade global, já que é formada majoritariamente por amostras de indivíduos de origem europeia e norte-americana. “Os dados genéticos são o alicerce da medicina de precisão, mas, quando são limitados a poucas populações, os algoritmos aprendem de forma enviesada. Isso compromete a qualidade dos diagnósticos e amplia as desigualdades no acesso à saúde”, afirmou.

O pesquisador alertou que esse desequilíbrio impacta ainda na efetividade dos medicamentos. “Estudos recentes demonstram que a resposta de um mesmo fármaco pode variar conforme o perfil genético da população. Isso torna essencial a inclusão de grupos sub-representados nas bases de dados globais”. Na visão do representante do Alan Turning Institute, a genética influencia a forma como o corpo humano metaboliza medicamentos, reage a vacinas e desenvolve determinadas doenças. “Quando essa diversidade não está refletida nos dados, milhões de pessoas ficam à margem da inovação médica”, disse.

Manuel Corpas apresentou ainda dados que revelam o tamanho da disparidade. Em 2009, cerca de 96% das amostras genéticas usadas em estudos de doenças complexas, como Alzheimer, diabetes e doenças cardiovasculares, vinham de pessoas de ascendência europeia. Atualmente, esse número caiu para aproximadamente 80%, mas ainda representa uma concentração muito maior do que a distribuição demográfica global. “A Europa representa menos de 20% da população mundial, mas responde por quase 90% dos dados genéticos utilizados em pesquisas. A América Latina, com toda a sua diversidade, ainda não chega a 2%. Isso significa que os modelos de inteligência artificial em saúde estão sendo calibrados para uma minoria”, ressaltou.

O pesquisador lembrou que a América Latina abriga uma das maiores diversidades genéticas do planeta, resultado de séculos de miscigenação entre populações indígenas, africanas, europeias e asiáticas. Essa pluralidade, ressaltou, representa uma oportunidade científica de enorme valor. “A diversidade genética latino-americana tem potencial para revelar novas compreensões sobre doenças e tratamentos. Mas, sem representatividade, perdemos a chance de produzir conhecimento que beneficie não apenas a região, mas o mundo inteiro”, afirmou.

Segundo Manuel Corpas, a solução passa pela criação de infraestruturas regionais de dados, com biobancos e repositórios genômicos que sejam controlados localmente e reflitam a realidade populacional dos países latino-americanos. Ele defendeu que esses esforços sejam acompanhados de políticas públicas de soberania e ética de dados, garantindo que a coleta, o armazenamento e o uso das informações genéticas sejam feitos com transparência e participação das comunidades envolvidas. “Equidade de dados significa garantir que todas as pessoas tenham a mesma oportunidade de diagnóstico e tratamento, independentemente de onde nasceram ou de sua origem genética. É uma questão científica, mas também de justiça social”, destacou.

Durante o evento, o especialista apontou o papel estratégico do Brasil como país capaz de liderar essa transformação. O país reúne condições singulares: uma das populações mais diversas do mundo, forte base científica e tecnológica e um sistema público de saúde que cobre mais de 200 milhões de pessoas. “O SUS é um ativo único. Integrar suas bases de dados com princípios éticos e transparência pode transformar o Brasil em referência global de inteligência artificial voltada à equidade”, avaliou. Ele lembrou ainda que a infraestrutura brasileira permite pensar em projetos colaborativos entre universidades, institutos de pesquisa e empresas, com potencial de impacto regional. “A construção de modelos de IA que representem melhor a diversidade brasileira pode beneficiar toda a América Latina, reduzindo vieses e tornando os sistemas de saúde mais justos e eficientes”, completou.

Manuel Corpas destacou ainda as oportunidades de cooperação científica entre o Brasil e o Reino Unido. Segundo ele, o país europeu é pioneiro na estruturação de biobancos e plataformas de dados em larga escala, como o UK Biobank, considerado o maior repositório biomédico do mundo. A base britânica reúne informações genéticas, clínicas e de estilo de vida de 500 mil pessoas e é utilizada em milhares de pesquisas internacionais. “O Reino Unido construiu uma das infraestruturas mais avançadas e seguras para o uso de dados em saúde. A experiência britânica pode servir de modelo para parcerias com o Brasil, combinando conhecimento tecnológico e diversidade populacional para criar soluções inovadoras de alcance global”, afirmou.

Além dos aspectos técnicos, o pesquisador pontuou o papel da inteligência artificial como ferramenta para reduzir desigualdades, desde que aplicada de maneira responsável. “A inteligência artificial pode amplificar vieses, mas também pode ajudar a corrigi-los. Se tivermos métricas adequadas para medir quem está sendo representado nos dados, podemos usar a própria tecnologia para promover mais equidade”, disse. Ele mencionou que técnicas de aprendizado sintético e geração de dados podem ser utilizadas para equilibrar amostras e melhorar a representatividade em modelos de diagnóstico, especialmente em países com menor capacidade de coleta genômica.

O moderador Luciano Moraes destacou que o debate reforça a importância da ética e da diversidade na inovação tecnológica em saúde. “As reflexões trazidas pelo professor Manuel Corpas mostram que inovação sem inclusão é inovação incompleta. Garantir representatividade nos dados é o primeiro passo para uma inteligência artificial verdadeiramente justa”, disse.

Segundo o presidente do comitê de Tecnologia & Inovação da Britcham, o tema também reforça o papel da instituição como espaço de diálogo entre ciência, setor privado e políticas públicas. “A Britcham tem promovido debates que conectam o conhecimento britânico à capacidade brasileira de inovação. Essa colaboração é essencial para que a transformação digital na saúde aconteça de forma ética, inclusiva e com benefícios compartilhados para o Brasil, o Reino Unido e toda a América Latina”, concluiu.

O evento faz parte do calendário oficial da Britcham, e todos os encontros promovidos pela instituição estão disponíveis aqui.

Sobre a Britcham

Há mais de 100 anos no Brasil, a Britcham atua como principal promotora das relações econômicas e comerciais entre Brasil e Reino Unido, fomentando o diálogo bilateral por meio de iniciativas estratégicas. Presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, a instituição mantém conexões diretas com entidades governamentais e privadas, organizando missões comerciais nacionais e internacionais, rodadas de negócios e projetos especiais para integração econômica.

Com 13 comitês temáticos que abrangem os principais setores da economia, como comércio exterior, agronegócios, finanças, tecnologia e sustentabilidade, a Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil facilita discussões setoriais, advocacy e a troca de conhecimento entre associados, executivos e autoridades. Além disso, a Britcham oferece uma agenda diversificada de eventos exclusivos, desde oportunidades de networking até debates sobre tendências globais, fortalecendo conexões qualificadas entre os dois mercados. Destaque ainda para o Clube de Negócios Britânicos no Brasil (GBBC) e o Grupo de Suporte aos Negócios, plataformas essenciais para impulsionar parcerias e investimentos bilaterais.

Com uma rede que inclui desde multinacionais até PMEs, a Britcham proporciona agregação de valor institucional e comercial por meio de grupos setoriais, posicionamentos técnicos e acesso a informações privilegiadas, consolidando-se como referência em cooperação empresarial e inovação entre Brasil e Reino Unido.

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