São Paulo, 22 de outubro de 2025 — Expandir negócios para o Reino Unido é um passo ambicioso e cada vez mais promissor para empresas brasileiras que desejam internacionalizar suas operações. O país britânico, que se consolidou como um dos principais centros globais de inovação, oferece infraestrutura, ambiente jurídico confiável e oportunidades reais de crescimento. Para que isso ocorra, a entrada precisa ser planejada com base no conhecimento das regras locais. Essa foi a principal mensagem de Vitoria Nabas, sócia de Mobilidade Global e Imigração da Gunnercooke, durante o debate “Roteiro de negócios para o Reino Unido”, promovido pelo Comitê de Comércio & Investimentos Internacionais da Britcham (Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil), sob mediação de Renata Sucupira e Aloísio Andrade, presidente e vice-presidente do comitê, respectivamente.
Com mais de duas décadas de experiência assessorando empresas e profissionais brasileiros no processo de internacionalização, Vitoria Nabas reforçou que o sucesso nesse movimento depende menos de sorte e mais de estratégia. “Se fosse fácil, todo mundo faria. Mas com planejamento, é totalmente possível”, afirmou. Segundo ela, o Reino Unido continua sendo uma das economias mais dinâmicas do mundo, com políticas favoráveis a negócios estrangeiros, estabilidade regulatória e um ecossistema maduro de inovação.
Para a especialista, um dos primeiros passos é entender onde o produto ou serviço se encaixa. “Muitos empresários chegam com boas ideias, mas sem uma análise de mercado aprofundada. O governo britânico oferece apoio a quem deseja expandir para lá, inclusive com serviços de market research gratuitos. Vale aproveitar”, destacou. Ela observa que a escolha da cidade é estratégica: “Londres é vibrante, mas também cara e competitiva. Cidades como Manchester, Bristol ou o país de Gales oferecem custos menores, incentivos fiscais e excelente infraestrutura logística.”
Outro ponto que merece atenção é o contexto jurídico e regulatório. Embora o Reino Unido seja um único Estado, cada uma das quatro nações, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, possui características próprias em relação a impostos e legislação. “A Escócia, por exemplo, tem um sistema jurídico mais parecido com o do Brasil, o que pode facilitar em algumas áreas”, explicou. Esse tipo de entendimento prévio ajuda a empresa a se posicionar de forma mais sustentável e evitar obstáculos burocráticos.
As regras de imigração, mais rigorosas após o Brexit, também exigem preparo. “O Reino Unido está cada vez mais seletivo na concessão de vistos, priorizando profissionais altamente qualificados. Mas há caminhos possíveis: o visto de expansão, por exemplo, permite que até cinco pessoas sejam enviadas do Brasil para iniciar operações lá, desde que o processo seja bem estruturado”, afirmou. Apesar das restrições, o país segue aberto à inovação e disposto a receber talentos que tragam valor à economia.
A flexibilidade trabalhista é outro diferencial que favorece o ambiente de negócios. “As leis britânicas permitem maior autonomia nas contratações e nos formatos de trabalho. Isso torna o mercado ágil e adaptável às novas dinâmicas da economia global”, explicou. Ela acrescenta que o trabalho remoto abriu novas possibilidades, permitindo que empresas com sede no Reino Unido contratem profissionais em diferentes países, desde que respeitem as restrições geopolíticas.
O cuidado com dados e propriedade intelectual é outro aspecto fundamental. O país opera sob o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR), uma das legislações de proteção de dados mais avançadas do mundo, o que traz segurança e transparência para negócios digitais. “O registro de marca é rápido e eficiente. Mesmo fora da União Europeia, o Reino Unido mantém forte integração comercial com o continente, então vale registrar a marca em ambos os territórios”, recomendou Vitoria Nabas.
Na parte operacional, o processo de abertura de empresas é ágil e em alguns casos pode ser concluído em 24 horas. “O sistema é extremamente eficiente. O ideal é começar com uma limited company, que se assemelha à limitada brasileira, e depois evoluir conforme o crescimento”, disse. Mais do que um destino de negócios, o Reino Unido representa uma oportunidade de amadurecimento para empresas que desejam competir em um ambiente global exigente e inovador.
“Expandir para lá é também um exercício de adaptação cultural. É preciso compreender o modo britânico de pensar e negociar, mas essa troca enriquece muito o empreendedor”, destacou a especialista. Na visão dela, o país é uma porta de entrada estratégica para a Europa e para o mundo. “Meu papel é ajudar empresários brasileiros a não aprender na marra, e sim a construir, desde o início, uma presença sólida e sustentável”.
O evento faz parte do calendário oficial da Britcham, e todos os encontros promovidos pela instituição estão disponíveis aqui.
Sobre a Britcham
Há mais de 100 anos no Brasil, a Britcham atua como principal promotora das relações econômicas e comerciais entre Brasil e Reino Unido, fomentando o diálogo bilateral por meio de iniciativas estratégicas. Presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, a instituição mantém conexões diretas com entidades governamentais e privadas, organizando missões comerciais nacionais e internacionais, rodadas de negócios e projetos especiais para integração econômica.
Com 13 comitês temáticos que abrangem os principais setores da economia, como comércio exterior, agronegócios, finanças, tecnologia e sustentabilidade, a Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil facilita discussões setoriais, advocacy e a troca de conhecimento entre associados, executivos e autoridades. Além disso, a Britcham oferece uma agenda diversificada de eventos exclusivos, desde oportunidades de networking até debates sobre tendências globais, fortalecendo conexões qualificadas entre os dois mercados. Destaque ainda para o Clube de Negócios Britânicos no Brasil (GBBC) e o Grupo de Suporte aos Negócios, plataformas essenciais para impulsionar parcerias e investimentos bilaterais.
Com uma rede que inclui desde multinacionais até PMEs, a Britcham proporciona agregação de valor institucional e comercial por meio de grupos setoriais, posicionamentos técnicos e acesso a informações privilegiadas, consolidando-se como referência em cooperação empresarial e inovação entre Brasil e Reino Unido.