Presidente da EPE apresenta perfil de consumo nacional e aponta oportunidades para que o Brasil se destaque no cenário global
De toda a energia consumida pelo brasileiro, 18% se apresentam na forma de eletricidade, conforme levantamento apresentado por Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no webinar “Perspectivas energéticas brasileiras em contexto de transição e reformas” realizado pelo Comitê de Energia Elétrica e Renováveis da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham). O especialista teve como base o período de 1970 a 2019, época em que 82% do consumo de energia foi resultante da queima de combustíveis para o processo industrial, motores dos veículos, dentre outros. Acesse a íntegra do evento neste link.
Ao apresentar esse perfil nacional, Barral revela o impacto no desenvolvimento social e econômico do país, principalmente porque a indústria e o transporte são os setores responsáveis por 2/3 deste uso, mostrando como as renováveis são dispositivos muito importantes na matriz energética do Brasil. No ano passado, por exemplo, quase 50% do que foi consumido em território nacional originou dessas fontes. “Quando se compara a outros países, sabemos que a média mundial gira em torno de 12% a 14% de consumo de fontes renováveis, números que mostram o destaque do Brasil nessa oferta de energia”, salientou.
Barral acrescentou, ainda, que o patamar de renováveis na oferta interna de energia é um diferencial do Brasil no mundo. Além disso, é uma oportunidade para que o país possa alavancar essa característica de renovabilidade, acelerando sua inserção global nas cadeias energéticas a partir desse perfil.
Thiago Barral destacou os dois grandes propulsores de energia na matriz nacional, a biomassa da cana – fonte responsável por quase 20% de toda a energia que o brasileiro consumiu em 2020 –, enquanto 12,6% do consumo é dependente das hidrelétricas. O especialista também reforçou o crescimento exponencial de outras renováveis. “Em tendência nas nossas curvas de análise está o biodiesel (o diesel verde), a energia eólica, o biogás, a solar fotovoltaica, dentre outras”, explicou, acrescentando que, em 2021, em virtude da escassez hídrica, essa curva de uso de renováveis deve ter uma queda, mas que deve ser recompensada com o crescimento da eólica e solar.
Transições
O presidente da EPE pontuou a nova transição energética global em curso e reforçou a necessidade de uma descarbonização profunda na oferta de energia no país. “É um processo complexo que tem a ver com as mudanças climáticas, a necessidade de se sustentar o acesso aos serviços energéticos com o crescimento das demandas, além do impacto de toda a inovação tecnológica, novas fontes de geração, uma série de novidades que vêm surgindo e que transformam o panorama do setor energético”, ponderou.
Além disso, conforme alerta Barral, não há como tirar do discurso toda a competição global – entre empresas e países – que certamente marcará essa transição, mesmo com a existência de uma cooperação internacional, como o Acordo de Paris. “Existe um mercado de energia limpa que não pode ser descartado, o que é uma forma do Brasil se inserir de forma competitiva nessa transição”, pontuou. O especialista analisou as políticas públicas que, ao acelerarem essa transição, devem levar em conta uma série de benefícios associados às mudanças climáticas e a outros desafios ambientais. “A transição deve ser feita em conformidade com a segurança energética, evitando a redução do acesso à energia ou o encarecimento pelo uso”, sintetizou.
Fonte: Assessoria de Imprensa – Britcham