Agro brasileiro depende de acessibilidade a novas tecnologias e melhora no sistema educacional, afirmam especialistas

O desenvolvimento econômico e a redução da desigualdade estão diretamente ligados ao agronegócio brasileiro. O setor está entre os principais motores do PIB nacional e, para seguir como destaque positivo no cenário global são necessários investimentos em educação e tecnologia. Os dois pilares caminham juntos para que a produção rural apresente resultados cada vez mais expressivos.

A Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), por meio do comitê de Agronegócios e com moderação de James Mohr-Bell e Giovana Araújo, promoveu nesta quarta-feira (5) uma discussão sobre o tema.

Daniel Zacher, membro do Conselho e mentor Agro da SAE Brasil, detalhou a pesquisa SAE Brasil: Caminhos da Tecnologia no Agronegócio. O levantamento foca em três fatores: estratégia e decisão de compra e consumo de tecnologias no campo: sustentabilidade; relacionamento com clientes; oferta de prestação de serviços.

Os dados mostram que para os profissionais do campo, as principais percepções em relação à modernização são que a adoção de novas tecnologias traz maior produtividade, ganhos de performance e redução de custos, e de que as novas tecnologias precisam falar a linguagem do produtor rural e ser compatíveis entre sistemas de fornecedores diferentes.

“No âmbito de oportunidades envolvendo a tecnologia, tivemos como duas principais opções a adoção de novas tecnologias como automação, eletrificação, uso de biocombustíveis para máquinas agrícolas, e a agricultura de precisão, recorrente e consolidada no agro”, diz Daniel Zacher.

A pesquisa identificou como principais desafios do setor a capacitação dos produtores ou a disponibilidade de mão de obra especializada e o custo da tecnologia. “O grande desafio é tratar de questões ligadas à logística, ao sistema educacional brasileiro: 23% da população do campo é analfabeta, isso tem impacto no uso e adaptação a tecnologias. Precisamos aumentar a cobertura da tecnologia de forma que o produtor rural possa utilizá-la”, analisa o representante da SAE Brasil.

Na visão de Renato Bueno, diretor financeiro da ConectarAGRO, outro desafio enfrentado por quem atua no campo, do ponto de vista das telecomunicações, “está no modelo de negócio e em como expandimos a conectividade do agronegócio brasileiro”. O executivo apresentou o Indicador de Conectividade Rural (ICR) para balizar o diálogo sobre os desafios e as perspectivas para a expansão da conectividade do setor.

“O desafio do produtor rural é de custo por área produtiva. Precisamos reduzir o preço da instalação de soluções digitais e de conectividade. Hoje, a tecnologia 4G é a que possui a melhor relação custo-efetiva para a cobertura do campo. E o 5G é a tecnologia extremamente competitiva e impactante para se cobrir unidades produtivas”, afirma Renato Bueno.

A Britcham, realiza eventos e discussões sobre os principais setores da indústria e do comércio entre Brasil e Reino Unido. O calendário com as atividades da Câmara está disponível aqui.