Britcham discute tendências de proteção de dados e valores no universo digital

O interesse por conhecer e entender quais são novas maneiras de proteger informações confidenciais de empresas e consumidores, quantias financeiras e dados estratégicos reuniu empresários, executivos e representantes de companhias brasileiras e britânicas nesta quinta-feira (9).

O evento “Impactos nas estratégias corporativas: novidades do cenário global e de tecnologia” foi realizado pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), sob a moderação dos comitês de Riscos e Seguros e de Tecnologia, representados na ocasião por Luciano Moraes, presidente do Comitê de Tecnologia.

Os especialistas detalharam as tendências de segurança cibernética para 2024 e apresentaram exemplos de impactos nas estratégias corporativas: implementar medidas robustas de segurança, investir contra ataques digitais e adquirir apólices de seguros para riscos cibernéticos são os pilares para manter dados e informações protegidos.

André Leão, gerente de Riscos Cibernéticos da Marsh Brasil, analisou os principais pontos de risco apontados no relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) que podem assolar a economia global. Entre eles, a Inteligência Artificial usada com o viés da desinformação ou má informação é o principal ponto de atenção.

“Existe uma dúvida sobre como as ferramentas de Inteligência Artificial usam os dados da empresa. Sou favorável ao uso desta solução. Mas é importante ter cautela, não colocar dados do cliente, por exemplo. O dado que é colocado será sempre usado pelo desenvolvedor”, disse André Leão.

O representante da Marsh Brasil destacou a complexidade dos reflexos causados por um ataque cibernético em cadeia. “O ciberataque pode ocorrer de qualquer lugar do mundo, não há limitação territorial. É possível que uma empresa que esteja no Brasil seja alvo de criminosos que estejam em outro país. As empresas têm adotado programa de mobilização importante para prevenção com contra-ataques digitais e gestão de acesso”. Ainda segundo André Leão, a melhor estratégia para resolver um roubo de dados é o estudo do caso.

“Pagar o resgate é a pior saída. Caso pague, você não descobre a falha no sistema e não há garantia de que os dados serão devolvidos. Ataques prejudicam a imagem das empresas. Quando os consumidores ficam sabendo que uma determinada empresa sofreu um ataque, isso causa insegurança”, explicou.

Leandro Augusto, sócio-líder de Cyber Security no Brasil e na América Latina da KPMG, explicou a importância de separar o que é “pessoa física” de “pessoa jurídica” por parte de todos aqueles que têm acesso a dados de empresas. “É necessário proteger informações sigilosas e isso pode ser feito com medidas como ter duas redes de internet: uma para uso pessoal e outra para uso profissional, além de um dispositivo específico para cada universo. Desta forma, caso alguém da sua família ou convívio social, por exemplo, acesse algum site que invada seu notebook, os dados como senhas de banco ou informações confidenciais do trabalho continuarão protegidos”, exemplificou.

O executivo detalhou uma das frentes de atuação da empresa que, entre outros pontos, testa a segurança dos sistemas digitais. “É preciso pensar fora da caixa para aumentar o escudo de proteção. Precisamos olhar além do mundo digital. As pessoas são quem usam as ferramentas, e muitas vezes as falhas ocorrem porque elas são conduzidas ao erro. Por exemplo, quando algum criminoso se passa pelo executivo de uma companhia. Os colaboradores alvos das quadrilhas, imaginando que estão recebendo uma demanda dos gestores, acabam liberando o acesso a dados confidenciais ou transferindo altas quantias financeiras. Para mitigar estes riscos, existem ferramentas para checar se de fato aquela pessoa é quem ela diz ser. São aplicativos de checagem instalados em celulares e outros dispositivos que funcionam como um validador de acesso”, explicou Leandro Augusto.

A programação completa de eventos promovidos pela Câmara Britânica está disponível neste link.