Britcham promove reunião entre líderes da transição energética no Brasil

Líderes da transição energética no Brasil se reuniram na última quinta-feira (22) para debater perspectivas, cenários, possibilidades e oportunidades para o país. O XX Seminário Internacional de Energia foi realizado pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), na casa G20 – Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro.

Heloisa Borges, diretora de Estudos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), destacou que é preciso entender tendências e avaliar como a tecnologia pode contribuir para a transição energética, e descreveu quais são os pilares que balizam a estatal no processo de contribuir para que o Brasil evolua no setor de Energia.

“Nós definimos três prioridades para a transição energética ser efetiva: criar um consenso para termos capacidade de investir mais e tornar a utilização dos recursos mais efetivas; propor uma aliança para os países entenderem as diferentes perspectivas, possibilidades e criar melhores cenários para eles mesmos; fazer as pessoas investirem mais na transição energética”, pontuou.

De acordo com a presidente executiva da ABEEólica, Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, para o país evoluir no setor energético, é preciso que aparatos legal e regulatório avancem no Congresso para que se chegue a um posicionamento relevante no mundo.

“O Brasil está diante de uma oportunidade talvez única nas últimas décadas de transformar a economia e a sociedade por meio da energia ao fazer uma reindustrialização. Nós não vamos perder essa oportunidade, seremos insistentes para que todas as mudanças necessárias ocorram para que a gente possa continuar a transformar nossa matriz, a economia e a sociedade”, diz Elbia Gannoum.

As questões legislativas têm o mesmo peso que os recursos financeiros para que a transição energética ocorra de modo consistente e seguro no Brasil. Para Adriano Burger, diretor de Desenvolvimento de Negócio na bp, é preciso que haja cooperação de todos do setor.

“É inegável o potencial do Brasil em recursos naturais para produção de energia. A transição energética não se faz com um único tipo de combustível, precisa de um sistema integrado. O grande desafio do Brasil é promover e disponibilizar recursos pela iniciativa privada”, afirmou o executivo.

Aportes financeiros e regulamentação vão proporcionar um campo mais favorável para o setor de Energia no Brasil. Ao mesmo tempo, é necessário planejar como estruturar este universo, afirmou Paulo Mario Correia de Araújo, sócio responsável pela área de Renováveis na ERM (Environmental Resources Management).

“Num cenário de investimento em energias renováveis, precisamos pensar em infraestrutura, sistemas inteligentes e integração de cadeias do setor. Temos que pensar qual é a diversidade e qual é a oferta de diferentes fontes para garantir que a rede seja segura e estável”, defendeu.

Para alcançar os objetivos de transformação por meio dos recursos naturais que colocam o país em posição de destaque global, parceiros comerciais são fundamentais para impulsionar a transição energética com trocas de conhecimentos tecnológicos e compartilhando experiências.

“Há uma convergência muito grande de visões na área energética entre o Reino Unido e o Brasil, isso facilita nossas interações. Hoje, nosso país tem uma legislação moderna e amplia a abertura de mercado para o hidrogênio, que tem o potencial para conectar setores que são desassociados e promove a descarbonização”, afirmou o professor Paulo Emílio Valadão de Miranda, presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio.

O conselheiro-chefe para as Mudanças Climáticas da Shell, David Hone, revelou que o Brasil está no centro da estratégia de evolução da empresa britânica. “Vemos um desafio fascinante no mercado brasileiro para os próximos anos. O país tem capacidade de desenvolver o futuro de petróleo e gás, a produção de biocombustíveis, o potencial de captura e armazenamento de carbono. Vemos o Brasil como o único em quantidade de possibilidades de contribuir de forma tão positiva para a história global da energia e do clima. Mas ambos os cenários necessitam de políticas públicas sobre a gestão do carbono, incluindo a certificação e o comércio de emissões, tanto a nível nacional como internacional”, expressou David Hone.

Renata Isfer, presidente executiva da Abiogás, ressaltou que a eficiência da transição energética brasileira está diretamente atrelada a questões sociais. “Para uma transição eficiente, precisamos deixar claro que em países como o Brasil, os biocombustíveis não competem com a produção de alimentos e que eventual vazamento de biometano pelo seu uso como combustível é infinitamente menos danoso que as emissões de metano que saem de lixões e aterros que não fazem o aproveitamento do biogás e são tão comuns em países mais pobres”, destacou.

Outro fator fundamental para o sucesso na transformação econômica e social brasileira por meio da transição energética é a união entre os diversos universos que apresentam oportunidades por meio de energia limpa. Marcio Trannin, vice-presidente da Absolar, Associação Brasileira de Energia Solar, alerta para a necessidade da flexibilização tecnológica. “Não estamos olhando com carinho para a expansão de energia por baterias. Precisamos ter mais flexibilidade tecnológica nas nossas matrizes energéticas para diversificarmos as fontes naturais”, sinalizou.

Confira as fotos do XX Seminário Internacional de Energia da Britcham: https://britcham.com.br/eventos-anteriores/?id=8101