Em visita a Angra dos Reis, a comitiva contou com a presença do cônsul-geral britânico no Rio de Janeiro, Anjoum Noorani, do vice-presidente da Britcham Brasil, Fabio Caldas; e do presidente e da vice-presidente da filial da Câmara no Rio de Janeiro, Nicholas Burridge e Clarisse Rocha
O projeto de hidrogênio verde produzido na Central Nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, está em fase de estudo de viabilidade, sendo desenvolvido em parceria entre Eletronuclear, Furnas e Parque Tecnológico de Itaipu. Para conhecer os processos e iniciativas englobados pelo inovador projeto, uma comitiva de associados e convidados da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham) foi recebida pelo pesquisador do Departamento de Engenharia de Sistemas e Controle do Reator, Nelri Ferreira Leite, e pela coordenadora de P&D e Inovação, Karla Lepetitgaland, ambos da Eletronuclear, na última semana.
O avanço da proposta está, em especial, no uso da água do mar na produção do hidrogênio a partir da fonte nuclear, uma vez que diversos locais possuem escassez de água doce para consumo humano. A comitiva, com cerca de 20 representantes de empresas associadas, pôde presenciar a tecnologia que, com possibilidade de desenvolvimento em larga escala, gera menos custos e menor impacto ambiental em relação à utilização de água de rios ou aquíferos.
“Além da geração de energia nuclear, eles (Eletronuclear) estão desenvolvendo um projeto inovador e emocionante para gerar hidrogênio limpo para uso na estrutura de alojamento e transporte. Este projeto usa uma parte do processo industrial existente para capturar hidrogênio que até agora era simplesmente um subproduto não utilizado do processo”, destacou o presidente da Britcham no Rio de Janeiro, Nicholas Burridge.
Assim, o processo pensado pelo projeto consiste em usar o hidrogênio produzido na usina de hipoclorito de sódio, onde há o tratamento da água do mar para resfriar os reatores do complexo. “Aprendemos com o Nelri que o hipoclorito de sódio produzido no processo sai em concentrações bem abaixo dos níveis padrão recomendados pelas autoridades ambientais para o retorno ao oceano, sem absolutamente nenhum dano à vida marinha. Isso é comprovado por 25 anos de experiência”, afirmou o membro do Comitê de Energia da Britcham, Carlos Peixoto, que também coordenou a visita.
Em consonância com o que tem sido desenvolvido em Angra dos Reis e em outros estados brasileiros, o governo britânico tem disponibilizado esforços em busca de novas fontes de geração de energia verde e em larga escala. “A inovação da usina de Angra permitirá a produção de hidrogênio, combustível do futuro, de água do mar. Além de produzir eletricidade para todo o sudeste do Brasil, eles também vão produzir hidrogênio de baixo carbono e o melhor, não hidrogênio de água doce, hidrogênio de água do mar”, exclamou o cônsul-geral britânico no Rio de Janeiro, Anjoum Noorani, durante a visita. No mesmo sentido, o líder de Energia do governo do Reino Unido no Brasil, Renato Cordeiro, ressaltou que “o Reino Unido tem grande interesse de colaborar em projetos de geração de hidrogênio de baixo carbono”.
Além da visita às inovações no âmbito do H2, a comitiva da Britcham pôde conhecer as instalações gerais da usina nuclear, constatando a preocupação da instituição com a infraestrutura do espaço. “Fiquei impressionado com a sua adesão aos mais altos padrões de segurança, até no mais ínfimo dos detalhes”, disse Peixoto.
Apesar de os projetos da Eletronuclear não terem uma verba dedicada, como nas demais empresas do grupo, a inovação faz parte da busca constante dos colaboradores, proporcionando mais segurança operacional e economia. “Além de tantos temas em comum na área de energia, nossos países (Brasil e Reino Unido) agora têm três características em comum com potencial de alavancar muitas parcerias: o interesse em hidrogênio limpo, o uso da energia nuclear, e água do mar em abundância”, comentou Lepetitgaland após a visita da Britcham à Central Nuclear.
Tecnologia e infraestrutura
No dia seguinte à visita da comitiva, o vice-presidente da Britcham Brasil, Fabio Caldas, foi recebido pelo engenheiro Cesar Bassi Costa, da Superintendência de Infraestrutura da Eletronuclear, para conhecer mais sobre o centro de treinamento com o modelo reduzido da usina, os projetos sustentáveis de compostagem e reciclagem verde, de reabilitação de animais e os importantes laboratórios de monitoramento ambiental.
Nessa ocasião, Caldas também visitou o projeto CIITIS (Centro de Infraestrutura Integrada, Tecnologia Inovação e Sustentabilidade), que visa o controle, em tempo real e ininterrupto, de toda a infraestrutura da usina, especialmente do fluxo e consumo de água, consumo elétrico, frota de veículos, equipamentos de monitoração e logística.
Devido ao sucesso da visita da comitiva e os inúmeros conhecimentos adquiridos, a Eletronuclear sugeriu a realização de um novo encontro com a Britcham e o governo britânico, desta vez na Vila Mambucaba, onde a empresa pretende utilizar o H2 gerado para abastecer sua frota de ônibus e veículos leves, bem como na eletrificação e o início da transformação da vila residencial em uma vila inteligente.
Fonte: Comunicação – Britcham