Debate sobre segurança cibernética reúne especialistas e investidores na Britcham

A Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham) realizou nesta quarta-feira (30) um seminário sobre estratégias de segurança cibernética no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo.

O impacto regulatório nas empresas e as consequências à reputação das instituições foram temas abordados por Tatiana Campello, sócia nas áreas de Privacidade de Dados, Segurança Cibernética, Propriedade Intelectual, Inovação e Tecnologia de Demarest Advogados.

“A nossa legislação de proteção de dados é uma legislação de compliance. Precisamos buscar estar em conformidade. Não é só uma obrigação regulatória. Isso traz uma reputação para o nome da empresa perante aos consumidores, parceiros comerciais e ao mercado. As consequências são o aumento do valor e da confiança em relação a marca”, explicou.

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Na abordagem de redução do risco cibernético e seguro de proteção digital, Márcia Cicarelli, vice-presidente do Comitê de Riscos & Seguros, afirmou que “o maior problema está na paralisação da atividade empresarial”. “Por exemplo, problemas de logística, fluxos internos e perda real de faturamento.

O seguro das operações é fundamental para a mitigação de incidentes cibernéticos”, acrescentou.
Thiago Sombra, vice-presidente do Comitê de Tecnologia, ressaltou que as leis e sanções contra crimes virtuais se intensificaram no mundo todo, e que empresas precisam avaliar os riscos de negociar com quadrilhas digitais quando têm o sistema sequestrado.

“Realizar um pagamento para hackers pode parecer o caminho mais prático e rápido. Mas pode levar a problemas como sanções e punições por lavagem de dinheiro, já que o valor pago aos criminosos não tem como ser declarado de maneira oficial”, alertou Sombra.

O especialista em segurança digital também disse que “o nosso país tem resoluções e parâmetros muito claros” para as empresas se enquadrarem na legislação, e que acredita que “o Brasil terá um tratado de proteção de dados com o Reino Unido”.

Daniel Lamboy, head de Cyber da Marsh Brasil, empresa líder global em corretagem de seguros e gerenciamento de risco, trouxe as apólices para o centro da discussão.

O diretor explicou que existem formas de lidar com os perigos do universo virtual: mitigar, transferir ou aceitar os riscos. “A apólice protege as empresas de danos ou responsabilização por incidentes cibernéticos. É uma ferramenta que ajuda as companhias a se recuperarem de ataques e que pagará os custos e indenização a terceiros que sofram os impactos dos ataques”, disse Lamboy.

A construção do diálogo sobre cibersegurança contou, ainda, com a visão técnica e da alta gerência de riscos cibernéticos do setor privado trazida por Rafael Fernández Corro, líder de negócios para a América Latina da BT (British Telecom), empresa que também fornece serviços globais de segurança em nuvem e rede para empresas multinacionais.

“Você pode reduzir o risco, mas nunca elimina o risco – a menos que tire da tomada o computador e o celular”, resumiu o executivo. De acordo com o histórico de casos, Corro afirmou que, na maioria das vezes, os ataques a instituições são feitos por criminosos que estão geograficamente distantes dos alvos.

“Regra básica de hackers: nunca ataca o próprio país. Você ataca fora do seu território, porque isso torna o rastreamento da origem do ataque mais difícil. É comum que os hackers criem caminhos falsos para enganar os investigadores”.

O representante da BT explicou que a empresa cria diversos fragmentos de áreas de trabalho para reduzir os danos quando houver um ataque. “Desta maneira, evitamos que o hacker penetre a totalidade do sistema e o deixamos restrito a apenas uma pequena parte. É uma forma de mitigar o prejuízo ao máximo.”

A ocasião contou com a abertura de Marcio Zanetti, presidente da Britcham São Paulo; Martin Mccombe, diretor do Ministério de Comércio do governo britânico em São Paulo; Monique Pessoa, presidente do Comitê de Riscos & Seguros da Câmara Britânica, e o encerramento de Mariana Pimentel, vice-presidente da Britcham São Paulo.

A Britcham realiza discussões sobre diversos temas de interesse da sociedade e dos setores da indústria com o objetivo de contribuir para a evolução da economia e do estreitamento de relações comerciais entre Brasil e Reino Unido.

Fonte: Assessoria de Imprensa – Britcham