Parceria de ciência e inovação entre Brasil e Reino Unido é destaque em webinar da Britcham

Em apresentação virtual, a Câmara Britânica reuniu lideranças dos dois países para discutir os projetos de cooperação no campo da agricultura sustentável

Na terça-feira (04/10), a Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham) realizou um webinar sobre o investimento britânico na agricultura brasileira através de ciência e inovação aplicadas em projetos de cooperação entre os dois países. A iniciativa apresentou ao público as recentes ações em parceria entre os governos e abriu um debate para ampliação e conscientização da agricultura sustentável no Brasil. A íntegra do evento está disponível neste link.

Adam Patterson, Diretor Adjunto da Britcham Paraná, e Melanie Hopkins, OBE, embaixadora interina do Reino Unido no Brasil

O evento contou com a participação especial de Melanie Hopkins, OBE, embaixadora interina do Reino Unido no Brasil, que deu início ao webinar afirmando que “O Reino Unido é o segundo maior parceiro do Brasil em colaboração científica na agricultura, tanto em produção científica quanto no impacto nas pesquisas, tendo a Embrapa como um dos mais tradicionais apoiadores desta dupla parceria”.

“Nossa equipe de ciência tem expandido essa colaboração na parte de inovação, também apoiando projetos em agricultura digital. No nosso primeiro projeto em parceria, fomos pelo caminho da agricultura sustentável, através do monitoramento por satélite, conectividade e inteligência geoespacial, quando atraímos o interesse de 80 empresas’’, afirmou a diplomata.

A embaixadora também reforçou o papel estratégico da ciência aplicada à agricultura. “A Embrapa tem ajudado a validar metodologias específicas para calcular o desmatamento evitado e as emissões de gases poluentes também barradas”.

De acordo com a explicação de Hopkins, a Embrapa conseguiu mapear e verificar que 8.500 hectares não foram desmatados e degradados por conta da agricultura de baixo carbono implementada em 70 municípios da Amazônia e da Mata Atlântica. “Assim, foi evitada a emissão de quase 9 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Essas são evidências muito importantes para demonstrar o potencial de mitigação e adaptação da agricultura sustentável do Brasil na tentativa de conter o aquecimento global”, disse.

Ana Gutiérrez, gerente de Financiamento Internacional para o Clima e Agricultura Sustentável do Governo Britânico no Brasil, por sua vez, apresentou o Programa Rural Sustentável, um pilar da cooperação da agricultura de baixo carbono entre o Reino Unido e o Brasil. As iniciativas do projeto têm sido implementadas desde 2012, em parceria com o Ministério da Agricultura e a Embrapa, e apoio do BID, O Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Gutiérrez explicou que “o objetivo do programa é apoiar a transição da agropecuária no Brasil, gerando incentivos e levando assistência técnica ao campo”. Ela ainda afirmou que, para reduzir o desmatamento, investe-se em disseminação de práticas sustentáveis e gestão das propriedades. “Hoje, os resultados já alcançam 21% do território brasileiro em regiões como a Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Amazônia, totalizando 252 municípios participantes”.

E onde a ciência e a pesquisa entram? “A agricultura de baixo carbono não é uma política trivial, é um desafio muito grande. Trabalhamos com sistemas integrados, recuperação de áreas degradadas e tecnologias ou metodologias reaplicáveis”, resumiu. Segundo a especialista do governo britânico, as perspectivas do Programa Rural Sustentável são excelentes: através de um arcabouço de parcerias e resultados, o projeto tem construído um legado sólido e com números expressivos.

Soraya Araújo (MAPA), James Mohr-Bell (Comitê de Agronegócios), Ana Gutiérrez (Governo Britânico no Brasil) e Aldo Macri (Britcham Paraná)

“Estamos em uma cooperação triangular com a África, reduzimos a emissão de 1,7 milhão de toneladas de gases de efeito estufa por meio de desmatamento evitado, manejamos de forma sustentável 63 mil hectares de terra, aumentamos em 18% de renda de produtores rurais em áreas de não intervenção, além de aumentarmos em 10% as cadeias sustentáveis na Amazônia, beneficiando cerca de 30 mil pessoas”, elencou Gutiérrez. E completa: “também construímos um diálogo político muito relevante entre países protagonistas sobre floresta, agricultura e commodities”.

No segundo bloco do webinar, Soraya Araújo, coordenadora-geral de Mudanças Climáticas, Florestas Plantadas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), apresentou o Plano ABC+, voltado para uma pecuária de baixo carbono, com desenvolvimento territorial sustentável e que vem se desenhando desde 2010. “Nós tivemos duas fases desse plano: uma de 2010 até 2020 e outra, que se iniciou em 2020 e vai até 2030”.

Na primeira fase do plano, em que todos os objetivos foram atingidos, incluiu-se, segundo Araújo: “adoção de tecnologias que trazem uma agricultura mais resiliente e adaptação a mudanças climáticas”. Na segunda fase do programa, que acontece atualmente, em um novo contexto mundial e permeada por novos acordos em torno do clima, “a meta é promover a adaptação da agropecuária brasileira às mudanças de clima e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos por meio de uma gestão integrada de paisagem”, explicou.

“Agora, falamos muito em adaptação. Temos vivido o efeito de mudanças climáticas muito fortes. No Brasil, a seca no Rio Grande do Sul afetou a cultura da soja em bilhões de dólares e tivemos perdas muito significativas de produção, portanto, temos de ficar atentos”, pontuou a especialista do MAPA.

Fonte: Assessoria de Imprensa – Britcham