A aceleração das mudanças climáticas com eventos extremos, como os que causaram crise sanitária e de infraestrutura no Rio Grande do Sul e o apagão em São Paulo, faz com que o setor de Riscos e Seguros planeje mudanças focadas em adaptação e mitigação.
Com foco neste cenário, a Câmara Britânica de Indústria e Comércio no Brasil (Britcham) realizou uma discussão com representantes da Marsh, corretora líder global de seguros e riscos. O relatório anual da empresa, publicado pelo Fórum Económico Mundial (FEM), revela que os eventos climáticos severos são o segundo risco em termos de maior severidade num prazo de dois anos. Em um horizonte de dez anos, de longo prazo, os eventos climáticos serão os mais severos.
De acordo com Marjorie Leite, Consultora de Clima & Sustentabilidade na Marsh Advisory para América Latina e Caribe, são necessários USD 200 trilhões em investimentos até 2050 para que as tecnologias necessárias sejam desenvolvidas e para tecnologias já conhecidas sejam aplicadas em larga escala.
“É muito importante pensar na locação de capital para fechar o gap de perdas e para adaptação e mitigação das perdas. Sabemos que exige esforço político, mas o esforço financeiro é muito importante. Novos projetos envolvem novos riscos. O setor bancário e investidores querem conhecer os riscos de onde estão entrando. Ninguém investe sem conhecer o risco. O mercado segurador é uma parte vital do sistema financeiro. É a partir do setor de seguros que apoiamos a gestão do risco e a transferência, tudo relacionado à mitigação”, diz Marjorie Leite.
Na medida em que estes eventos de extremos se tornam mais frequentes e com severidade maior, isso impacta na capacidade da seguradora de conseguir prever e precificar estes eventos. Esta é a análise de Marcia Cicarelli, vice-presidente do comitê de Riscos & Seguros da Britcham.
“Isso tem um impacto negativo porque temos um gap de cobertura. Temos o desafio de aumentar a cobertura de bens em um cenário normal. Em um cenário gravoso, isso tende a ter um aumento do gap. É necessário inovar em produtos para que atendam a nova realidade e incentivem a prevenção e mitigação. É preciso adotar uma série de condutas, como uma adequada gestão de risco por parte das empresas, e políticas públicas para viabilizar um cenário de adaptação para esta nova realidade que já chegou”, afirma Marcia Cicarelli.
O diretor de infraestrutura e construção na Marsh Brasil, André Dabus, avalia ser importante uma revisão em cláusulas de compromissos atuais e futuros para que o mercado se adapte à realidade do avanço das mudanças climáticas.
“Uma necessidade premente para melhorar contratos em vigência e futuros é definir claramente a extensão dos bens que integram e deverão integrar a concessão. Não temos um capítulo dedicado, precisamos de um aprimoramento. O segundo aprimoramento é em relação a tudo que se define como dano máximo provável”, ressalta André Dabus.
A íntegra do evento está disponível aqui.