Webinar organizado pela Britcham discute competências para o futuro do trabalho e ensino superior

Com participação da líder de Human Capital da KPMG, Luciene Magalhães, e do membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), Luciano Sathler, debate enfatizou a importância das soft skills

Em um mundo no qual as mudanças caminham a passos largos, será que a educação e o futuro do trabalho acompanham o ritmo? Esse foi o centro da discussão realizada em webinar da Britcham, com a participação e mediação de Marcos Noll Barboza e Juliano Costa, presidente e vice-presidente do Comitê de Capital Humano & Educação da entidade, além da líder de Human Capital da KPMG, Luciene Magalhães, e do membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), Luciano Sathler.

Para Luciene, atualmente, para além da educação acadêmica, aprendizado de línguas e estudos literários, as empresas, na hora de recrutar, estão atrás das cobiçadas soft skills. ‘’Hoje, a transformação do capital humano, para que ele possa ser inserido de forma positiva no mercado de trabalho, passa por capacidade de julgamento, de ser flexível, possibilidade de adaptação a mudanças e poder de tomada de decisões’’, analisa a profissional da KPMG.

E como o mundo acadêmico tem percebido isso? De acordo com o Prof. Dr. Luciano, ‘’cada vez mais as pessoas são contratadas pelo que dizem saber e são demitidas pelo que são’’. Para ele, os profissionais de hoje, mais do que nunca, ‘’tem de saber aprender e saber conviver’’.

O Prof. Dr. corroborou suas ideias com a apresentação de dados relevantes sobre o mercado de trabalho e o ensino superior. ‘’O Brasil tem uma dívida histórica com o ensino superior. De acordo com a OCDE, em 2020, apenas 24% dos brasileiros entre 25 a 34 anos possuíam diploma’’. Entre a população de 55 a 64 anos, o número cai para 15%, apontam os dados.

Paradoxalmente, há poucos profissionais qualificados para vagas na área digital, que oferta grande quantidade de empregos e anda mais aquecida do que nunca. Ainda assim, segundo dados do MEC, 65% da população com diplomas atua em postos que não exigem qualificação.

Para Luciene, a situação da equação mercado de trabalho versus ensino superior é desequilibrada: ‘’a educação contemporânea não acompanha o ritmo da inovação tecnológica’’. O Prof. Dr. Luciano entende que ‘’hoje, a maior tarefa da escola é ensinar a desaprender, já que as coisas mudam em velocidade estonteante’’. Ele ainda cravou que ‘’temos uma escola que foi concebida para o século 17, mas estamos no século 21’’. Sathler ainda afirmou que as universidades ‘’têm de se preparar para o lifelong learning, a chamada educação para a vida toda’’. Para o acadêmico, tudo envolve, em nível amplo, ‘’uma grande questão de mudança geral de mentalidade’’.

Mas, “como permitir que o ensino superior público e privado seja regulado para enfrentar essas transformações, de forma ágil?’’, questionou Juliano. Para Luciano, essa regulamentação não é questão complexa, já que as universidades podem, sim, pela lei, possuírem currículos flexíveis e interdisciplinares. ‘’O maior problema está na mentalidade dos dirigentes em resistir a mudar os conteúdos e no corporativismo em geral’’.

Fonte: Assessoria de Imprensa – Britcham